1 de janeiro de 2019

Relatório de DEZ/18 - Fim de Ano


Encerramos mais um ano e é neste momento que geralmente fazemos uma retrospectiva de tudo que passou. Avaliar o passado não nos mostrará o futuro, mas certamente é uma boa forma de entender o mundo que teremos logo à frente.

Importante pontuar que há um ano eu voltei a escrever no blog e certamente foi um ótimo exercício para mim no sentido de avaliar e reavaliar a minha estratégia. Percebo o quanto é difícil conciliar a estratégia macro com os acontecimentos do dia-a-dia. No fim das contas, pequenos acontecimentos apenas tiram nosso foco e nos distanciam de nossas premissas. Como todo investidor, cometi meus erros, mas de modo geral estou satisfeito com as escolhas e resultados.

Relendo o relatório de DEZ/17, percebo o quanto as expectativas para economia no final do último ano eram parecidpa com as atuais. Esperávamos um crescimento na ordem de 2% no ano seguinte, a aprovação da reforma da previdência e a queda do desemprego. Acho que a torcida para 2019 segue sendo a mesma, com a diferença de que agora não temos mais a escolha de protelar a decisão, vamos ter que seguir este caminho no próximo ano, sob o risco de entrarmos em um recessão ainda maior do que a que acabamos de sair.

Vamos a um resumo do ano. Sabíamos que as eleições trariam volatilidade à bolsa brasileira e juros futuros, então manter reservas para comprar ações e tesouro direto parecia e foi um ótimo negócio. Aproveitei menos do que gostaria, mas ainda assim acho que consegui usufruir um pouco. Nas compras de ações, as opções de maior liquidez, estatais e ligadas à commodities parecem ter sido boas apostas.

Até ABR/18 tudo corria bem e a bolsa subia dando sinais de que este seria um ótimo ano. As previsões para economia não poderiam ser melhores, até que na metade de MAI/18 vivemos a greve dos caminhoneiros que nos mostrou duas coisas muito importantes. A primeira, que os brasileiros de modo geral estavam muito descontentes com o rumos da economia e a segunda, que um governo com pouca popularidade não se sustenta só com reformas no congresso.

O resultado desta confusão, foi mais um ano perdido, no sentido do crescimento do país. Seguimos com um governo moribundo de que pouco se ouviu falar até o final de 2018. Triste para todos nós, mas pelos menos a festa da democracia renovou as esperanças com a eleição de Jair Bolsonaro. Independente do posicionamento político, ele foi o escolhido pela maioria e carregará as esperanças dos brasileiros em busca de momentos melhores.

A respeito do cenário externo, vimos uma guerra comercial entre USA e China e me parece que o americanos se deram melhor. A China sentiu fortemente o golpe e acredito que irão ceder às importações americanas, apesar de ainda achar que no longo prazo haverá um preço. Além disso, no curto prazo os USA terão de lidar com a inflação e falta de mão de obra. Trazendo para minha realidade de investimentos, apesar de ter uma pequena parcela da carteira lá fora, continuarei torcendo para que cheguem a um acordo, que as bolsas á fora se recuperem do ano ruim e que o capital corra para o Brasil, fazendo a nossa bolsa subir. Se isto acontecer, devo fazer novas remessas para o USA, como forma de aproveitar as possíveis taxas mais baixas do câmbio.

Falando especificamente da minha carteira, iniciei o ano com R$ 419.000 e terminei com R$ 645.000. Fiz diversos aportes, mas consegui manter minha disciplina sem comprometer meu padrão de vida. Para 2019, vou renovar minhas metas buscando R$ 900.000 ao final do ano. Quanto ao primeiro milhão, ele continua previsto para o inicio de 2020.

Vamos a um breve resumo dos ativos em que invisto:

FIIs: os fundos imobiliários fecharam o ano com um ótimo desempenho. Se considerarmos um rendimento de quase 5% das cotas, somado a uma distribuição de dividendos de aproximadamente 6%, livre de impostos. Foi um ótima aposta, se comparada a um taxa Selic de 6,5%. Acho que para 2019 podemos ver novos ganhos a medida que os juros não subam e o mercado busque opções à renda fixa, assim como a economia real deve demandar mais escritórios, o que deve aumentar o valor dos aluguéis.

Ações: o resultado da bolsa de modo geral ficou por volta de 15%, sendo que a minha carteira segue com rendimento de 30%, sem contar os dividendos. É claro que em um mercado que sobe, qualquer um acerta, mas acho que algumas compras foram boas e tem trazido um ótima contribuição. Neste mês fiz duas vendas, sendo a primeira delas a CVCB3 à R$ 62,93, que apesar de ser um ótima empresa, parece ter batido em múltiplos muito altos e me parece um ativo caro. Note que ainda acho que continuará crescendo e gerando bons resultados, só acho que subiu demais. A segunda venda diz respeito as ações da VULC3 à R$ 6,38, na qual tive inclusive prejuízo. Acho que é uma boa empresa e que vai dar alegrias em 2019, mas penso que as quedas recentes da bolsa criaram oportunidades de compras e preferi focar em outros papéis. No lado das compras, a lista é bastante extensa com compras de KLBN11 a R$ 15,38, VVAR3 a R$ 5,17 e R$ 4,27, ITSA4 a R$ 11,67, BRKM5 a R$ 47,42, VALE3 a R$ 50,37, EGIE3 a R$ 34,44, GRND3 a R$ 7,76, HYPE3 a R$ 32,31 e MDIA3 a R$ 41,00. Falando na ordem, Klabin foi comprada pois segue trazendo bons resultados e caiu da casa de R$ 22,40. Via Varejo é uma das apostas a grande upside de 2019, uma vez que está muito barata frente a seus pares. Me parece uma opção um tanto arriscada, mas o ganho pode ser enorme. Itaú(sa) dispensa comentários e sempre é uma boa opção, principalmente com os dividendos que está pagando. Braskem segue com a indecisão da sua venda pela Petrobras e Odebrecht, mas como vendi algo recentemente a R$ 60,00, acho que valeu a compra. A Vale deu uma boa recuada e pode ter uma boa subida com o a retomada do crescimento chinês, além de pagar ótimos dividendos. Engie é uma nova entrante e foi incluída em razão de seus ótimos resultados e crescimento. Grendene segue na  mesma linha, porém já estava na carteira, apenas aproveitei, pois caiu um pouco. Hypermarcas é outra que gosto muito, apesar de que comprei por um valor um pouco alto. Por fim, a M Dias Branco entrou para carteira, pois teve grandes quedas recentes, mas segue sendo uma máquina de bons resultados. Gosto do negócio e da gestão, portanto, vou seguir acompanhando. Não tenho muitas ações em vista para 2019, exceto pelo Itaú que está sempre na mira e a EGIE3 que gostaria de ter mais na carteira. Para 2019, minhas grandes apostas são a venda da Braskem, o impacto da administração Zema na Cemig e uma boa melhora na gestão da Via Varejo.

Fundos de Ações: não tenho grandes expectativas de curto prazo com o fundo, portanto não farei previsões. Sigo com o Alaska pela gestão de um fundo com um visão brilhante e com uma carteira diferente da minha.

Fundos Multimercado: me parece que em 2019 os fundos multimercado terão que se render à bolsa brasileira para buscar resultado. O movimento ainda não ocorreu em peso, mas em algum momento deve ocorrer ao longo de 2019.

Tesouro Direto: se tudo der certo na economia e as reformas forem aprovadas, teremos taxas de juros cada vez mais baixas, o que deve trazer um bom ganho para os indexados IPCA e prefixados. Prefiro ficar de fora dos prefixados, pois acho o risco muito alto neste momento, apesar de entender que os indexados IPCA podem trazer grandes ganhos ainda. Tenho um pouco e posso comprar mais.

CDBs e Debêntures: aqui um ponto muito bom para avaliar. Acho que as taxas estão muito próximas aos títulos soberanos, reduzindo um pouco a atratividade. Torço para que as taxas caiam ainda mais, pois significará que as empresas estão tendo acesso a dinheiro mais barato. Acho que ainda falta um mercado secundário de debêntures com taxas mais atrativas e uma mordida menor das carretoras. Quem sabe em 2019 teremos alguma novidade neste sentido.

Interactive Brokers: sigo apostando no ETF EWZ que reflete as ações brasileiras. Acho que em 2019 irá me dar muitas alegrias, com o adicional de que também ganho com uma possível queda do câmbio. Se isso acontecer junto, e eu acredito que irá, veremos as cotas atuais de USD 38 batendo acima de USD 50. Quanto a novos aportes, somente com o câmbio na faixa de R$ 3,30.

Por fim, gostaria de falar um pouco de riscos, tenho na minha carteira uma conta de que mesmo que haja um grande crash global, meu patrimônio será preservado em aproximadamente 85%. Este seria o pior cenário, e se somado aos aportes que faço o montante seguirá crescendo. É muito bom acompanhar o rendimento da carteira, mas no fim das contas, atualmente é muito mais importante para mim a disciplina de poupar, me esforçar na minha atividade profissional do que o rendimento em si. Isto é o que fará meu patrimônio realmente crescer. Esta regra em algum momento vai mudar, mas ainda tenho um longo caminho até o meu patrimônio gerar mais rendimento do que o meu esforço profissional. 

Que venha 2019, cheio de esperança e realizações para todos nós.